O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou um significativo aumento em seu desempenho financeiro no terceiro trimestre de 2023. O banco desembolsou R$ 34,8 bilhões em financiamentos, representando um aumento de 18,4% em comparação ao mesmo período de 2022. Este impulso resultou em um lucro líquido recorrente de R$ 2,9 bilhões, marcando um crescimento de 21,3% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. Até setembro, o total acumulado de desembolsos atingiu R$ 75,4 bilhões.
Para o fim do ano, o BNDES estima que os desembolsos podem alcançar cerca de R$ 119 bilhões, o que representaria um aumento de aproximadamente 23% em relação a 2022. Esta projeção colocaria os desembolsos em 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), ainda aquém da meta de 2% estabelecida pela diretoria do banco em março, após sua posse, com o objetivo de ser alcançada até 2026, no final do mandato do governo federal atual.
A diretoria do BNDES, liderada por Aloizio Mercadante, sinalizou a necessidade de encontrar novas fontes de recursos para atingir a meta de desembolsos de 2% do PIB. Isso pode incluir novas captações ou a preservação do caixa. Entre as medidas adotadas para proteger o caixa, o banco comprometeu-se a pagar à União apenas 25% de seu lucro como dividendos, o mínimo exigido por lei, e negociou com o Ministério da Fazenda um acordo para parcelar até 2030 a devolução de um saldo remanescente de R$ 22,6 bilhões de sua dívida com a União.
Adicionalmente, o BNDES defende mudanças nas regras do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), sua principal fonte de financiamento, que também tem sido utilizado para cobrir déficits da Previdência desde a reforma constitucional de 2019. A diretoria atual busca alterar essa dinâmica com o apoio do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
No que tange às novas captações, o banco está em busca de recursos junto a bancos multilaterais, espera que o Fundo Clima, por ele operado, receba parte de uma emissão de US$ 2 bilhões em "títulos verdes" realizada pelo Tesouro Nacional, e propôs a criação de um novo título dedicado exclusivamente ao levantamento de recursos para crédito de longo prazo.
Apesar de um tom menos otimista em relação à meta de 2% do PIB, a diretoria celebrou os resultados financeiros, destacando que as projeções de liberação de financiamentos para este ano já superaram as expectativas da gestão anterior, que previa R$ 90 bilhões. Além disso, a inadimplência de 90 dias se manteve extremamente baixa, em apenas 0,01% da carteira de crédito, uma redução de 0,09 ponto percentual em comparação ao mesmo período de 2022.
Por fim, durante a apresentação dos resultados, Mercadante refutou a ideia de vender ações de grandes empresas detidas pela BNDESPar, a empresa de participações do banco, como estratégia para levantar caixa. A carteira de ações do BNDES terminou setembro avaliada em R$ 67,6 bilhões, com o total das participações societárias alcançando R$ 71,3 bilhões, um aumento de 14,2% desde dezembro de 2022.